Sombras de Silêncio #247

Pablo desceu esbaforido o monte, largando maledicências contra o português atrevido. Estava obstinado em recuperar o abono que lhe escapara e não olharia a meios para o concretizar. Foi ter primeiro com Ana Maria e vociferou-lhe algumas ameaças. Porém, ela agarrou-se a uma réstia de coragem e negou qualquer conhecimento ou envolvimento na fuga. Foi depois buscar o revólver Smith & Wesson à sua mesa-de-cabeceira e saiu com o Citroën no encalço de Miguel. Passou primeiro por algumas quintas que ficavam ao redor da sua, mas não obteve resultado algum. Desnorteado e furioso, decidiu incrementar mais meios à procura. Seguiu em direção a Olivença e de lá telefonou para o filho, que estava no posto da Guardia Civil em Badajoz. Todavia, alertou-o para que não levantasse suspeitas desnecessárias, pois ele apenas queria recuperar o seu trabalhador e não desencadear um processo de extradição.

Paquito mostrou-se disponível e adiantou que iria tirar a tarde para o ajudar a apanhar o fugitivo. Combinaram encontrar-se na taberna El granadero, situada na praça envolvente da torre de menagem do castelo de Olivença. Entretanto, e para não perder tempo, Pablo foi vasculhando a zona a oeste de Olivença. Todavia, desconfiava que o português teria seguido para norte, pois tinha sido de onde ele chegara.

Frustrado, Pablo regressou a Olivença por volta da uma da tarde. Seguiu direto para a taberna e aproveitou para enganar a fome com tapas. O filho chegou um pouco antes das duas horas, fardado e motivado. Depois de delinearem o plano, entraram no Citroën e seguiram para a capital da província, alternando nas estradas e vasculhando nas quintas. Por essa altura, um Peugeot 403 vermelho saiu de Badajoz em direção a Olivença com três ocupantes, que variavam entre si na esperança, no medo e no nervosismo.

Depois de mais uma busca infrutífera numa quinta, ao retornarem à estrada, Pablo e Paquito viram passar o Peugeot 403 com matrícula portuguesa. Ambos ficaram desconfiados e Pablo encetou a perseguição, acelerando até colocar o seu automóvel ao lado do outro. Quando o condutor do Peugeot vislumbrou a farda da Guardia Civil ficou assustado e sem saber o que fazer. Paquito começou fazer gestos e a gritar ordens de paragem.

Sombras de Silêncio #247

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