D. Quixote de La Mancha, para além de ser o meu livro preferido, é provavelmente o melhor da literatura universal. Assim, a ideia de percorrer uma rota de D. Quixote surgiu com naturalidade, mas apenas agora tivemos a oportunidade de a concretizar. Antes de nos embrenharmos nas pisadas do grande herói passamos por Toledo. Diz-se que quem conhecer a história de Toledo saberá a história de toda a Espanha. De facto, ficamos impressionados com a monumentalidade da cidade; a cada curva de uma rua estreita podemos tropeçar numa história antiga, confluência de povos e religiões.
Seguimos de Toledo para Consuegra, onde nos esperava o aguardado confronto com o temíveis gigantes… ou talvez sejam apenas pacatos moinhos, dispostos em linha no cume do monte. Como escreveu Gedeão, talvez tudo esteja no olhar e na vontade de quem contempla: “Vê moinhos? São moinhos. Vê gigantes? São gigantes.” As vistas e a sensação de estar naquele local, inspirador de um dos episódios mais marcantes da literatura universal, são fantásticas. No regresso aproveitamos para ler o respectivo excerto, num momento simples mas inesquecível.
Fomos depois visitar El Toboso, terra natal de Dulcineia, a dama encantada a quem D. Quixote se encomendava nas suas aventuras. Começamos pela casa-museu onde viveu a mulher que terá inspirado Cervantes a criar a personagem, que parece ter ficado parada no tempo, percorremos a aldeia e terminamos no fantástico museu Cervantino, rodeados por centenas de exemplares do livro assinados e dedicados por outras tantas personalidades históricas. Encontramos ainda o maior exemplar mundial do livro e deixamos também a nossa singela homenagem ao universo quixotesto.
Para finalizar a nossa rota escolhemos as lagoas de Ruidera e a cova de Montesinos. Infelizmente, os céus não estiveram a nosso favor. A meio do caminho começou a chover copiosamente e trovejar pelo que não tivemos oportunidade de explorar os locais como pretendíamos. A frustração ainda foi maior porque ficamos encantados com as lagoas, onde local onde haveremos de regressar. Chegados perto da gruta a meteorologia animosa manteve-se, mas decidimos esperar algum tempo no carro, tendo como companhia as estátuas de D. Quixote e Sancho Pança. Curiosamente, acabou por nos acontecer o mesmo que a D. Quixote quando ali chegou, adormecendo. Porém, os nossos sonhos ficaram entre os segredos da montanha.
Foi um enorme prazer concretizar este turismo literário, seguindo as pisadas de D. Quixote pela Mancha!