Rosa do Vento Meridional

Rumo às terras meridionais, fizemos a primeira paragem em Pedrógão, entre o Grande e o Pequeno, à descoberta da ponte Filipina. A curiosidade havia sido desperta aquando da última passagem pela barragem de Cabril, ao contemplarmos o vale encaixado a montante do rio Zêzere. Descemos pelo trilho dos romanos e não demorou muito tempo até vislumbrarmos a icónica ponte. As cores da paisagem são estonteantes. Percorremos a ponte em admiração e fomos ainda espreitar os miradouros da outra margem. Regressamos depois para um merecido almoço em Pedrogão Grande.

Já perto do Tejo, fizemos um desvio para conhecermos a praia fluvial Pego da Rainha, orientando o percurso por locais refrescantes. Passámos pela aldeia, entrámos no caminho de terra batida e deixámos o carro no penhasco sobreposto ao pego. Continuamos a pé e duas curvas depois já estávamos na lagoa para as primeiras fotos. Após uma breve exploração da zona, regressámos à lagoa e aproveitámos o merecido banho. A lagoa é ótima para enfrentar os dias quentes, encimada pela cascata fotogénica.

Cruzámos o Tejo e finalmente fomos conhecer Amieira do Tejo. Ficamos impressionados com a dimensão da terra e a imponência do castelo. Lamentámos apenas que o monumento estivesse fechado. Descemos pelo caminho e rapidamente chegámos ao limite da fortificação, onde se podem apreciar boas vistas sobre o vale.  Seguimos depois à descoberta de Nisa, que gostámos bastante. Terminamos no ‘nosso’ monte emprestado com vistas para Marvão. É um prazer reencontrar este Alentejo bonito, orgulhoso e tradicional. Todos os regressos nunca são demais.

No dia seguinte fomos visitar o mosteiro de Flor da Rosa. Como, entretanto, foi transformado em pousada, desconhecíamos quão visitável seria, mas ficámos agradavelmente surpreendidos pelo resultado. Adorámos cirandar pelos claustros, conhecer a exposição de arte antiga e sobretudo ficámos impressionados pela dimensão e espetacularidade da nave central. Gostámos também muito de subir à torre. Enfim, imperdível!

Após um maravilhoso almoço de migas na Taberna do Paulo, perto de Avis, fomos alargar as vistas e esticar as pernas junto à barragem do Maranhão. Desconhecíamos esta grande albufeira e as paisagens moduladas pelo manto de água. Visitamos primeiro a barragem, de formato curioso, e seguimos depois até ao miradouro, onde espreitámos as vistas generosas para a albufeira. O sítio parece muito agradável e interessante. É uma pena que os diversos edifícios estejam ao abandono. Seguimos depois viagem à descoberta da praia fluvial do centro náutico de Avis para o habitual banho de combate ao estio.

De passagem por Portalegre, estacionámos perto do centro e calcorreamos as ruas sem rumo certo. Quando demos conta estávamos perto da torre do castelo, que infelizmente já estava fechada. Restam as memórias de o termos visitado há alguns anos atrás. Continuámos depois o périplo pela cidade, com passagem pela catedral e por uma taberna para compras de última hora para o jantar.

Novo dia e revisitámos a magnífica vila de Marvão. Tudo ali parece perfeitamente português, desde os monumentos à paisagem. Começámos por visitar o castelo e a torre, o museu, as muralhas e as ruas típicas. No final acabámos num almoço de vistas generosas n’O Castelo.

Para o final, encetámos uma viagem pela história megalítica da região. Tendo como ponto de partida o “nosso” monte, situado a meio do circuito, fizemos uma gestão do percurso pelos nossos interesses, visitando os pontos em dias distintos. Começámos pelo Menir da Meada. Ficámos sobretudo impressionados com a dimensão. É incrível pensar no trabalho megalítico de esculpir e erguer o monumento sem a tecnologia dos dias correntes. Nas Antas dos Coureleiros ficámos divididos entre a admiração da primeira, bem enquadrada no prado, e a estranheza da segunda, que parece ter perdido algumas das paredes ao longo do muito tempo de existência. A Anta da Melriça é também bastante impressionante pela dimensão e conservação, das maiores e bem preservadas que conhecemos. Com alguma imaginação, talvez fosse possível criar ali um T0.

Na viagem de regresso passámos por Gavião e desaguámos no Alamal, uma praia fluvial à beira Tejo e com vistas históricas para o Castelo de Belver. Após um almoço em Mação, serpenteámos pela estrada em busca de um regresso à praia fluvial do Penedo Furado, em Vila de Rei. Após a construção dos passadiços, a diferença está sobretudo no número de pessoas, que aumentou bastante. Aproveitei para dar a volta completa, passando pelas ribeiras, miradouros e furando pelo penedo. Continuando para norte, terminámos as redescobertas nas Fragas de S. Simão, também abençoadas recentemente com um passadiço, que desce desde o miradouro à ribeira. Portugal descobriu nos passadiços uma forma de atrair mais pessoas aos locais. Pese embora a valorização local, mantenho a desconfiança na atração. Para além do excesso de visitas e das suas consequências, se já existe forma sustentável de lá chegar, o foco deveria ser o local e a sua proteção.

Rosa do Vento Meridional

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