Aristides

Recordação da visita às ruínas da Casa do Passal, em Cabanas de Viriato (antes de ser recuperada – 23/06/2013), e homenagem a Aristides de Sousa Mendes no dia em que recebeu honras de Panteão Nacional.

Após um almoço muito reconfortante em Viseu, decidimos rumar a Cabanas de Viriato para finalmente irmos conhecer a casa de uma lenda. Já anteriormente, e por várias vezes, tínhamos pensado em visitar este local, mas tal era sucessivamente adiado. As recentes notícias na comunicação social sobre um grupo de pessoas, descendentes de outras que tinham sido salvas por Aristides de Sousa Mendes, que estava a caminho de Portugal para homenagear a memória do antigo cônsul de Bordéus fizeram-nos arrepiar caminho em busca das origens deste “verdadeiro herói, que viveu num tempo em que a maioria foi apenas cobarde”.

Ao chegarmos, abrasados por um calor desconcertante, procurámos de imediato a sombra entre a exposição, que está patente à entrada do edifício. Cirandámos depois por entre a história e os rostos daqueles que foram salvos por Aristides. Pelo meio ainda pudemos assistir a um momento curioso: uma senhora, não sabemos se também ela uma “sobrevivente de Aristides” e já de largos anos, contava ao neto que na passada quinta-feira uma outra senhora se identificou, emocionada, numa fotografia da exposição. Sobre a casa, parece que de facto a recuperação do edifício irá avançar; a justiça histórica agradecerá por certo.

Embrenhámo-nos depois em busca de um ponto de entrada no edifício e, depois de algum tempo, lá o conseguimos encontrar. As ruínas conferem-lhe um cenário triste e enigmático, mas também encantador. A sala de entrada na casa, com os vitrais no topo da escadaria, é realmente fabulosa e proporcionou-nos belos instantes fotográficos. Porém, é perigoso andar por lá, sobretudo no andar superior, visto que o chão está bastante degradado.

Fomos depois registar a nossa passagem pelo local (GLBAY1AZ), num miradouro com vistas privilegiadas sobre o espaço envolvente. Gostámos bastante de visitar este local e recordar este vulto da nossa história. Faltará apenas um meio verdadeiramente universal para relembrar o mundo que Aristides foi muito mais do que o “Schindler português”; foi uma luz num tempo de trevas, com uma vida, individual e familiar, ainda mais trágica em função das decisões que tomou, abdicando de si e dos seus por uma réstia de humanidade.

Aristides

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