Em busca das melhores vistas das arribas sobre o Douro, ainda do lado português, arrepiamos caminho até ao miradouro do Carrascalinho. Desde a aldeia de Fornos, seguimos pela estrada, que inicialmente parecia suspeita, mas que nos levou a bom porto. Neste caso, literalmente, a bom miradouro. Estacionamos na rotunda improvisada e prosseguimos a pé. Rapidamente chegamos à arriba e ficamos impressionados com a magnificência da paisagem. Este Douro faz-nos sentir muito pequeninos, com as encostas escarpadas e uma linha de água que forjou o seu caminho por entre a rocha ao longo de milhões de anos. Como o céu estava a ameaçar, as fotos e as vistas foram-se precipitando e não pudemos aproveitar o local quanto desejaríamos. Ficamos curiosos com a existência de uma casa em ruínas perto do local. Apesar do acesso condicionado, a paisagem convida a ter um domicílio por ali.
Seguindo no trilho das arribas do Douro, fizemos mais uma paragem no miradouro do Salto de Saucelle. Findos os trabalhos da construção da barragem, o local parece ter-se revitalizado pelo visível interesse turístico.
Continuamos depois para o Mirador del Fraile. As imagens que tínhamos visto eram suficientemente promissoras, mas ainda assim ficamos assoberbados com a imponência do local. Provavelmente, é o lugar mais impressionante do Douro, tanto pelos rochedos íngremes que sobem desde o leito do rio para os céus, como pela engenharia humana em ali criar uma barragem entre os contrafortes ibéricos. Estando no miradouro, a vertigem embrenha-se na alma de tal maneira que começam a faltar palavras para descrever o abismo.
Entre fotos e contemplações, regressamos ao carro e prosseguimos para o Salto de Aldeadávila, ansiosos pelas vistas a jusante da barragem. Apesar de estar ali a 200 metros, a volta de carro ainda demora uns minutos, até porque a subida final parece serpentar até às nuvens. Chegados ao promontório, continuamos a pé em direção aos miradouros. Foi então que o vale surgiu inteiro, com um enorme espelho de água sustido pela barragem. Ficámos ainda intrigados com uma construção abandonada situada a meio da encosta escarpada que existe do lado português. O acesso parece muito difícil, mas as vistas devem compensar.
Para terminar o périplo pelas arribas, saímos do Douro e fomos até ao Pozo de los Humus, onde as águas do rio Uces se despenham numa cascata com cerca de 50 metros e criam um poço com quase outros tantos metros profundidade. A visita no inverno deve ser mais impressionante pela quantidade de água e pela névoa, mas na primavera também tem o seu encanto. Qualquer que seja a altura, é imperativo ir à estrutura suspensa sobre a lagoa, tanto pela visão da cascata como pelas sensações vertiginosas.