Após várias passagens pela zona, resolvemos finalmente ir à descoberta da Rota do Megalitismo de Sever do Vouga (PR5), aliando pedestrianismo e geocaching. Para além da visita aos três monumentos megalíticos, o trilho permite ainda o contacto com uma zona de paisagem de montanha que está a recuperar do grande incêndio de 2013. O percurso tem início na aldeia de Arcas (nome popular para Antas), junto à capela. Seguindo pela aldeia, rapidamente deixámos o alcatrão e entrámos num caminho florestal. Poucas centenas de metros depois chegámos ao primeiro ponto de interesse, a Anta da Capela dos Mouros. Pese embora a degradação natural associada à passagem do tempo, trata-se de estrutura de dimensão considerável. O monumento é constituído por uma galeria e por uma câmara. O espaço está bem recuperado, mas falta informação no local.
Continuando a caminhada, e fazendo um pequeno desvio, acedemos a um vértice geodésico esquecido. A zona oferece uma vista desabrigada da região envolvente; em dias de céu descoberto é possível avistar a zona litoral e o mar. De volta ao caminho sentimos depois as primeiras dificuldades com a falta de marcação no trilho. De um modo geral torna-se intuitivo seguir o percurso, mas alguns cruzamentos carecem de marcação. Com um salto sobre o ribeiro, entrámos numa zona de campos agrícolas abandonados. Aos poucos, a Natureza vai-se sobrepondo às alterações criadas pelo Homem. Abandonando a terra, os pés voltaram depois a sentir o alcatrão. De soslaio, passámos pela aldeia Quinta Porto dos Lobos e, sensivelmente a meio da caminhada, visitámos a abandonada Casa do Guarda Florestal. O espaço e a zona envolvente encontram-se lamentavelmente votados ao abandono.
Prosseguimos depois em direção ao miradouro de Santa Maria da Serra, mas primeiro ainda fomos visitar o segundo ponto de interesse megalítico: a Anta de Poço dos Mouros. Tem uma estrutura semelhante à Capela dos Mouros, possuindo galeria e câmara. Foi por esta altura que a chuva decidiu abençoar a nossa caminhada e já não voltaria a largar-nos. Subindo a encosta, ascendemos então ao miradouro de Santa Maria da Serra. Trata-se de um espaço bastante agradável, encimado por uma capela. Existem ainda diversas mesas espalhadas pela zona envolvente, ideais para uma refeição ligeira e para um descanso merecido.
O trilho desce do miradouro e prossegue em direção a Arcas. Esta parte do percurso também oferece vistas largas sobre o horizonte. A meio caminho entre o miradouro e a aldeia encontrámos o último ponto de interesse megalítico, a Anta da Sepultura do Rei. Ao contrário dos anteriores, neste apenas subsiste a câmara. As informações sobre o local, para além do que é visível, são também escassas.
À medida que nos aproximámos de Arcas e do fim do percurso tornou-se mais evidente a falta de marcação do trilho e a necessidade de a entidade responsável proceder à sua limpeza. Em algumas partes foi necessário furar por entre a vegetação, que se começa a apoderar do trilho. Deixando para trás os cerca de 10 quilómetros, a chegada proporcionou-nos o merecido descanso.
Ficha técnica (clicar na imagem para analisar e descarregar o track do percurso):
Para além do interesse que subjaz do título, esta rota possui ainda algum interesse paisagístico e patrimonial; é de dificuldade reduzida, mas está a precisar de manutenção (marcação e limpeza).
Boas caminhadas!