Após cerca de 9 anos em Lafões, rumámos para o litoral ao sabor da maresia e Esmoriz está a tornar-se numa casa com janela p’ro mar. Apesar das incertezas, a escolha acabou por ser natural. Literalmente. Os últimos tempos no Porto revelaram a evidência de que não fui criado para viver num ambiente de excesso de betão. Faz-me confusão subsistir num sítio em que estou inteiramente dependente de algum tipo de transporte para encontrar algum refúgio de natureza. Esmoriz permite essa liberdade, com o parque ambiental do Buçaquinho e os passadiços da Barrinha ali ao lado, para além de uma linha de costa florestal generosa que se estende para sul.
As sucessivas visitas, corridas e caminhadas na zona serviram para ambientar a decisão até ao conforto. Habituado a linhas de horizonte mais abruptas, de ravinas e abismos, o mar encerra um certo fascínio calmo que se estende até ao limite. A simples contemplação acaba por serenar o espírito, enquanto se imagina o que estará para lá do horizonte, como se estivéssemos a tentar ver para lá de nós. Mesmo com saudades da montanha, é tempo de seguir o caminho do mar!
Diz-se que “o Pacífico não tem memória”, mas o Atlântico parece um bom lugar para as guardar.