Tendo faltado ao evento do ano passado, demorámos ainda algum tempo para nos decidirmos a percorrer estes trilhos além-Vouga. A chegada da primavera lá nos acelerou a vontade e fizemo-nos ao caminho, começando por este Trilho do Gresso. A promessa da companhia do rio acabou por nos ajudar na escolha. Trata-se de um percurso com cerca de 12 quilómetros, cujo interesse se distribui entre a paisagem natural e agrícola.
Numa manhã que prometia bom tempo, seguimos até Rocas do Vouga e estacionámos junto à igreja. Espevitados pelo café, começámos a “manobrar” as pernas e seguimos pelo asfalto até ao primeiro desvio pelos campos. Paredes meias e socalcos vizinhos com a aldeia, prosseguimos até ao primeiro ponto de interesse do trilho: a Capela do Linheiro. Trata-se de um espaço perdido entre o abandono e a recuperação, que mantém um certo encanto que nos cativa o olhar. A capela está inserida numa quinta que ainda se mantém em atividade.
Cruzando alguns caminhos agrícolas e outras tantas estradas alcançámos os moinhos. O trilho acompanha uma levada de água que vai passando por vários moinhos, entretanto desativados. À medida que se percorrem os campos agrícolas fica-se com a sensação que se está entrar numa ruralidade já esquecida. Após passarmos um último reduto de cultivo entrámos no reino das mimosas, por onde o trilho fura sempre a coberto do sol. A levada termina longe, junto ao rio, mas a dado o momento o trilho vai ficando mais fechado e é necessário seguir pelo caminho. Fazendo um pequeno desvio é possível aceder a um local que tem uma vista soberba sobre o vale. Impressiona o desnível acentuado da paisagem. Lá em baixo, o Gresso apressava-se para chegar ao Vouga. Descemos a encosta, cruzámos a estrada e, num reGresso várias vezes adiado, finalmente encontrámo-lo.
Na ponte aproveitámos para uma primeira paragem de descanso e ainda considerámos almoçar por ali, mas acabámos por adiar. Ficámos por curiosidade em largar o conforto do trilho e arriscar uma abordagem de descoberta pelas margens do rio. Bem, na verdade, essa curiosidade apenas se manifestou em mim, sendo que a Valente tratou de a controlar. Acabámos por continuar e subimos a encosta, deambulando por caminhos florestais e agrícolas. O rio foi-se afastando, mas o som da progressão das águas era uma melodia natural constante.
Passando por mais alguns campos, reencontrámos a civilização. O céu, que foi ficando cada vez mais cinzento, começou a ameaçar com chuva. Acelerámos o passo e, descoberta atrás de descoberta, entrámos numa zona de carvalhos e castanheiros. Pisando as folhas caídas das últimas estações, começámos a avistar o final da caminhada. As ameaças tornaram-se então reais e fizemos os últimos quilómetros já debaixo de uma chuva miudinha.
Guiados pelo geocaching, através de recipientes dedicados e muito adequados, recomendam-se a visita e o percurso. Os eucaliptais e as partes de alcatrão acabam por diluir-se nos outros motivos de interesse. Numa próxima oportunidade voltaremos a terras de SeVer para os percursos vizinhos. Fica também a vontade de explorar melhor o percurso das diversas linhas de água, pese embora o desafio aumentar de dificuldade. O track pode ser analisado e descarregado aqui.
Boas caminhadas e boas descobertas!