No encalço da Estrela Polar lusitana, atalhando por Nordeste, chegamos às terras históricas de Ribacôa. Após uma passagem rápida pela Mêda (GC3RP65), seguimos para Longroiva (GC1ZM5Z) com as expetativas em alta. Passando pelas ruas apertadas, facilmente percebemos que estamos prestes a entrar num local perdido no tempo. Contornamos a história e acedemos à torre de menagem, alcançando uma vista inteira da janela sobre a aldeia. Lá em baixo, o vale pinta um abrigo da montanha. Do outro lado da encosta, nas Chãs, o vento vai esculpindo templos naturais (GC1TQWY) nas rochas.
Um pouco para Sul, Marialva (GCPKZJ) é tão encantadora como já foi importante em manter acesa a chama da portugalidade. No interior, o espaço da secular aldeia deixa-nos um misto de admiração e tristeza. Por um lado, ao vermos as pedras tombadas e as ruínas, é impressionante pensar nas vidas e na história que por ali passaram; por outro lado, fica-se com um certo aperto na alma ao notar a sua decadência. Faz-nos repensar sobre a nossa pequenez, entre o espaço-tempo que habitamos.
Retomando o Norte, a passagem por Vila Nova de Foz Côa é inevitável. A vila parece viver à sombra das gravuras, mas entre as paisagens naturais e históricas, os rios e os vales, existe muito para descobrir. Sobranceiro sobre os rios Douro e Côa, à proa de um navio intemporal, o museu (GC26EBB) é como um relógio da história da região que importa conhecer.
Do outro lado do Côa, a estrada sobe para o monte de S. Gabriel (GCTN9M), um miradouro excecional sobre o planalto nordestino. Chegados lá acima, fica-se com o olhar preso da imensidão da paisagem. As encostas descem em figuras geométricas pintadas pelas árvores plantadas. Parece um quadro inspirado pelo trabalho de inúmeras gerações. Mais abaixo, Castelo Melhor (GC1BH43) vai resistindo à passagem do tempo. O peso dos séculos sente-se a cada esquina. É pena que o castelo esteja um pouco ao abandono. Num curto desvio, Almendra (GC1VH0H) é também um livro de história a céu aberto.
Acompanhando a brisa do Douro, seguimos para as terras de Numão. Mas antes é necessário conhecer o legado de história do Sítio Arqueológico do Prazo (GC3720B). O espaço parece estar um pouco entregue à sua conta, já que se vai notando alguma deterioração das estruturas de apoio ao turismo, que também deve escassear. Porém, o que realmente importa é muito interessante. Descendo às ruínas, passamos por um menir e por urnas antropomórficas. À medida que vamos percorrendo o espaço imaginamos os vários povos que passaram por ali, indagando sobre como seriam o complexo nos seus tempos áureos.
Depois, Numão. O encantador castelo de Numão (GC52ZAM). Ao longe, postas em vigilância sobre a aldeia, já se avistam a torre e as muralhas. Sabemos que iremos encontrar um monumento especial, mas ainda assim somos surpreendidos. Subimos às muralhas e vamos percorrendo o espaço até à torre de menagem. Continuamos depois pelas muralhas, contornando este legado da história. A parte mais impressionante talvez seja a muralha que fica a oeste, com uma altura e largura bastante consideráveis. Subindo o caminho, passamos pela cisterna aberta na rocha. Na primavera, o caminho é enfeitado por papoilas, que tornam o panorama ainda mais fotogénico. Mais abaixo, a aldeia adormeceu no tempo a ouvir as histórias de batalhas de outras eras.
Seguindo a jusante do Douro, o vale eleva-se em pontos de interesse sucessivos. Lá no alto, S. Salvador do Mundo (GC1284Q) ergue-se como um farol de vistas desabrigadas sobre a paisagem. Sobe-se pela estrada apertada, sempre com o olhar preso nas encostas inclinadas e com o rio numa pintura de fundo. Prosseguindo a pé pelo caminho, as capelas surgem como dois pontos brancos de fé no verde envolvente. Vale muito a pena ganhar ali vários momentos de contemplação. Na outra margem, repousa uma paisagem triunfal! A fraga desce a encosta até ao rio, onde encontra o engenho do Homem, que encontrou forma de abrir um túnel pelos seus interstícios de forma a fazer passar um comboio.
Para uma experiência mais imediata, intensa e demorada com o rio e o vale, seguindo para Norte por Nordeste, perfazem-se os doze traços de história e paisagem calcorreando a antiga Linha do Douro (GC1BRPH). De regresso, pode-se deambular pelas fascinantes e geométricas paisagens vinhateiras do Douro.