Convento da Tomina

Convento da Tomina (GC1MN4P), Alentejo. Numa viagem rumo a sul, apesar do isolamento, esta aventura tornou-se obrigatória. Conhecendo o calor abrasador do Alentejo interior, sabíamos que não iria ser tarefa fácil. Ainda assim, e tendo em conta a oportunidade, não queríamos sair da zona sem o sorriso da descoberta. Bem, talvez o “não queríamos” não corresponda exactamente à realidade, já que a Valente não sentia esta necessidade com a mesma premência. Apesar de ainda não desconfiar do programa Vida Selvagem que se seguiria, gostaria conhecer o convento e sobretudo não estava disposta a deixar-me ir sozinho. O sobrenome está-lhe bem entregue!

Sabíamos de antemão o que teríamos que fazer e estacionámos perto do portão da Herdade da Contenda. Partimos então para a nossa caminhada pelo vale. Estávamos então a cerca de 2.8 km em linha recta do nosso destino. Sabíamos também que, pelos meandros da ribeira, teríamos que caminhar muito mais. Como seria de esperar, a ribeira estava seca e apenas existiam pequenas lagoas esquecidas, de água tão suja e quente que nem para lavar os pés serviria. Algumas centenas de metros mais à frente tivemos o primeiro contacto com a vida selvagem local. Encontrámos bastantes carcaças de animais ao longo do percurso, lembrando-nos que a vida na savana alentejana não é fácil.

Para além do calor abrasador que se fazia sentir, um outro factor desmotivante estava relacionado como facto de o percurso que acompanha a ribeira ser sinuoso e serpenteante. Lá mais para a frente aproveitámos inclusive por seguir por um atalho, subindo um monte. Ao aproximarmo-nos do convento, o vale tornou-se mais escarpado e as rochas ficaram mais salientes. O ambiente ficou também um pouco mais hostil. E então, como por magia, surgiu no horizonte a torre sineira do convento. Duas encostas depois, reencontrámos a história!

Depois do registo da descoberta, aproveitámos para ir explorar um pouco mais o espaço. Encontrámos inclusive uma imagem, encostada a uma parede, de uma santa num papel fotográfico. O abandono conferiu a este convento uma mística muito interessante. A sua descoberta valeu por cada pinga de suor! Porém, a aventura estava ainda apenas a meio: faltava o regresso. Já não tínhamos a expectativa da descoberta, pelo que fomos arrastando o marasmo até a chegada parecer uma miragem. Teríamos andado ainda mais pela promessa de uma bebida fresca, já que a nossa água parecia caldo. Cerca de quatro horas depois concluímos a nossa aventura com um grande sorriso!

No Alentejo profundo e esquecido, o Convento da Tomina é um local extraordinário! O facto de ser pouco acessível apenas o torna ainda mais apetecível e enigmático.

 

Convento da Tomina

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