A minha iniciação nas provas de corridas deu-se pelo ultra trail, há cerca de 10 anos. Aos poucos, aproximei-me também das provas de estrada e embora tenha feito a Maratona do Gerês, faltava-me fazer uma maratona de estrada em contexto citadino que, para além da distância, respeitasse a altimetria. A escolha para deixar o pisco na “lista de coisas a fazer” acabou por recair na Maratona da Europa. Por todas as boas indicações de provas anteriores, mas sobretudo por ser um regresso a Aveiro, a minha cidade “universitária”.
Por definição, o treino é sempre curto. Já estava confortável na meia-maratona, como na Meia-Maratona da Primavera, mas o salto para a casa seguinte ficou curto. Concluí a maior distância aos 26 km e corpo já começava a ceder, numa aproximação às lesões. Mesmo assim, achava que daria para terminar em sofrimento aceitável.
O ambiente na partida estava espetacular. Parece que cerca de 20 000 pessoas apareceram por lá para caminhar e correr, o que para um domingo às 8h30 não está mau. Estava consciente que teria de baixar o ritmo em relação aos treinos e acabei por controlar o ímpeto incauto de abusar nos primeiros passos.
Em resumo, até aos 30 km tudo correu bem, inclusive eu, controladamente nos meus cerca de 5m 30s por km. Já tinha dado a voltinha à Barra e passado pela Gafanha na Nazaré, sempre com um apoio fantástico de quem estava a assistir, quando inesperadamente alguém me bateu com uma marreta nas pernas. Ainda me voltei, mas não vi ninguém. Com uma organização de grande nível, apenas tenho a lamentar este incidente. Apareceram então todas as dores e caibras, muitas delas em músculos que não sabia que tinha.
A partir dali limitei-me a gerir o esforço, caminhando ou correndo conforme as pernas deixavam, os ânimos incitavam ou apenas para não parecer mal nas fotografias.
No final, alinhado com a meta, lá encontrei a Dianinha a caminhar na minha direção para um abracinho especial e juntos cruzamos depois a meta. Para trás tinham ficado cerca de 42 km em cerca de 4h 50m. Durante a corrida este tempo pareceu suficiente para fechar o ponto na lista, mas logo no dia seguinte o pisco começou a desvanecer-se. É possível que venha a desaparecer por completo e tenha de voltar a fazer outra maratona, possivelmente na minha cidade “profissional”, o Porto.
Obrigado à organização e a todos os voluntários, assim como o espetacular apoio do público.
Aveiro está uma cidade cada vez mais bonita.