Rock in Rocalva

A Rocalva é um daqueles locais a que gosto de regressar todos os anos. Desta vez, o contexto era um festival ao melhor som da natureza geresiana (GC7TCM9). O tempo ainda quis complicar os planos iniciais, entre a saída de casa e a viagem, mas à chegada ao estacionamento do Arado os céus pareciam estar alinhados para mais um dia em grande de caminhadas pelo Gerês.

O percurso para o coração desta serra encantada passou desta vez pela Arrocela, o que para mim seria novidade. Depois de uma primeira parte pelo estradão, iniciámos a subida e entrámos no trilho de montanha. Fiquei agradavelmente surpreendido pela paisagem. Por outro lado, por mais que se caminhe nesta serra, o Gerês pode sempre revelar um novo trilho, um novo local ou simplesmente um novo olhar.

Na chegada à cabana das Couriscadas, bem interessante por sinal, aproveitámos para fazer uma primeira paragem. Depois de termos ido espreitar a paisagem do outro lado do vale, seguimos pelo trilho e assentámos o olhar na Arrocela. A caminhada seguia sem problemas e os céus pareciam indicar que seria mais um belo dia. Aproximámo-nos da vertente mais inclinada e seguimos para a cabana da Arrocela, que oferece umas belas vistas sobre o vale da corga da Giesteira.

Para os estreantes naquela zona, chegou então o momento de fazer a subida à Arrocela. Seguindo as sugestões, seguimos pela vertente sul e vencemos a altitude até ganharmos as vistas sobre o vale do Conho. Após mais alguns desafios um pouco mais técnicos, mas não demasiados difíceis, alcançámos por fim o topo. As vistas são realmente incríveis, em particular para a Roca Negra, Rocalva e Cutelo de Pias. Finalmente, chegara ao local que tinha referenciado. Apesar de apetecer ficar por ali muito tempo a apreciar a paisagem, lá descemos pela vertente norte, que inclusive parece mais fácil.

Regressámos à cabana e, aproveitando a existência de mais um desafio, fizemos contas a uma separação no grupo. Enquanto um dos grupos seguiria para a Rocalva pelo Cando, prossegui com os restantes companheiros para a Chã de Pinheiro. Porém, a abordagem não seria direta. Subindo a encosta, encontrámos mais um abrigo curioso em forma de lapa, dissimulado na paisagem e cujos acessos são praticamente imperceptíveis.

Após uma pequena escalada, retomámos o percurso e chegámos ao planalto da Chã de Pinheiro. Nunca tinha andado por ali, pelo que foi mais uma bela descoberta. Para além de mais um generoso abrigo, construído na rocha, o penedo apresenta um interessante conjunto de pias.

Tendo em conta o nosso destino, prosseguimos a caminhada e fomos vencendo os picos, gratos por continuarem a existir novos desafios, rodeados de espanto. Cada cume oferecia uma vista diferente sobre a panorâmica geresiana.

Contornámos depois a Roca Negra pela direita e seguimos para o prado da Rocalva, num percurso sobranceiro à cabana do Cando. É sempre um prazer reencontrar o gigante branco. O prado estava pintado de amarelo, a cor da estação. À nossa chegada a mesa do almoço já estava montada e aproveitámos para acrescentar mais alguma comida e bebida. O evento foi decorrendo com boa conversa e mais participantes chegaram para o festival.

No final, com os céus a ficarem mais cinzentos, lá fomos seguindo os diferentes caminhos. Com a maioria dos festivaleiros a caminho do Arado, aproveitei para mais algumas descobertas e segui num grupo mais reduzido para a cabana de Iteiro de Ovos. Por esta altura já tinha começado a pingar, mas ainda se aguentava bem. Depois da cabana subimos a vertente do Coucão em busca de mais aventuras. Porém, uma desatenção nas indicações levou-nos a subir mais do que devíamos, pelo que ainda andámos em trabalhos para descer para o patamar desejado.

No regresso à cabana prosseguimos para o derradeiro local de visita obrigatória neste regresso ao Gerês, sobre o vale da Touça, com vista privilegiada para as majestosas Sombrosas, invocando Wish You Were Here. Foi muito bom regressar ao local e percorrer aquelas memórias. Regressámos depois à Rocalva e por pouco o céu não ia caindo em cima de nós. Depois do temporal lá deixámos o mundo encantado do Gerês, seguindo de regresso à civilização.

O dia seguinte ainda possibilitou uma incursão em busca do derradeiro Santo Graal pelo vale da Teixeira, com um almoço muito reconfortante na zona da cascata do Arado. Depois de subir a montanha é estranho ver inúmeros turistas a subir a escadaria para a cascata pensando que estão prestes a descobrir uma das maravilhas do parque, mas é reconfortante pensar que existe um Gerês profundo muito mais interessante e compensador para quem almeja percorrer os seus trilhos seculares.

 Apesar de algumas peripécias e outros constrangimentos, foi ótimo regressar a esta serra, em particular à zona da Rocalva. Da próxima vez, sem desculpas, fica a certeza/promessa de finalmente subir ao seu cume.

Muito obrigado a todos pela presença!

Rock in Rocalva

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