Num dia de primavera a cheirar a verão, depois de uma manhã a deambular pela maresia esmorizense, subimos o monte à descoberta do Castro de Ovil. A proximidade do mar torna um pouco estranha a existência de um castro pré-histórico na zona. De qualquer forma, já na altura parecia haver uma certa sensibilidade para a qualidade de vida. Entrámos pela zona industrial e paramos ao sinal do velhinho Vouginha. Atravessamos e linha e rapidamente chegamos ao início do trilho pelo castro.
Prosseguimos pela direita e, viajando no tempo, paramos junto às primeiras construções arqueológicas. Redescobertas à relativamente pouco tempo, nota-se que boa parte das estruturas foram reconstruídas e o espaço parece bem preservado. Subimos mais um pouco e na outra encosta descobrimos mais um aglomerado de ruínas, com a parte superior pintada de branco, numa moldura circundada por uma natureza distintiva e muito fotogénica, sem a pressão eucaliptal que muito prejudica outras paisagens na zona.
Depois do castro faltava a surpresa. Descemos pelo trilho e, quais Indianas pelo tempo perdido, fomos à descoberta do papel esquecido. Cerca de século e meio após a construção, a fábrica de papel desapareceu pouco depois da revolução de abril. Subsistem algumas paredes em ruínas, pintadas pelas heras. Tudo o resto parece ter sido tomado pelo esquecimento. Mais abaixo, o ribeiro vai correndo vagaroso para a barrinha, a meio caminho do fim, com o mar ali tão perto. A espuma que vai aparecendo aqui e além evidencia restos de poluição que teimam em persistir. Ainda assim, parece ser insuficiente para os patos emigrarem.
Como o local é propenso à aventura, andamos por ali perdidos a explorar os recantos e a fotografar os momentos. Apesar de parece frágil, ainda aguenta bem com os nossos devaneios. Mais à frente, a ponte de madeira também já teve melhor dias e estabilidade. O início de algumas obras de requalificação parece ser um ponto de viragem no abandono e ficamos curiosos sobre o aproveitamento turístico que ali irá nascer. O castro, as ruínas da fábrica, o ribeiro e o arvoredo diversificado são motivos suficientes de interesse para visitar e regressar!
Ainda armados em Indianas, faltava apenas concluir a “caça ao tesouro dos tempos modernos”. E é por estas e por outras que gostamos de geocaching e da sua mais-valia em descobrir locais interessantes que de outra forma passariam despercebidos!