São Miguel, ilha de bruma

À descoberta das ilhas de bruma, entre a difícil escolha do princípio, acabámos por rumar a São Miguel. Nenhuma desculpa é boa para adiar uma visita aos Açores, mas se alguma pode ser considerada é que depois a vontade de recuperar o tempo perdido é maior, em particular para quem gosta de chamar casa à Natureza. Como era a primeira viagem longa da Valente Cruz e os Açores têm uma meteorologia temperamental, os planos tornaram-se mais flexíveis e foram meras linhas orientadoras. Os dias começavam sem pressas e com uma análise meteorológica através das câmaras de vídeo espalhadas pela ilha.

Vagueámos durante quatro dias por São Miguel, onde basta andar pelas suas estradas engalanadas de hortências para se estar num ponto turístico. Na verdade, toda a ilha é um enorme ponto de interesse natural, que depois guarda uma multiplicidade de outros encantos à espera de serem descobertos. Ainda que lhe falte o abismo granítico dos gigantes hermínios ou geresianos que me alicerçam as entranhas, tem uma ternura verdejante que nos enche as vistas e alegra a memória à espera de um regresso.

No primeiro dia,

  • Seguimos para as Furnas, onde começamos por visitar o espetacular efeito das caldeiras. Naturalmente, fomos levados também a provar o famoso cozido, encontrando um espacinho a tempo entre a muita procura no restaurante do Parque de Campismo.
  • Durante a tarde aproveitámos para visitar o extraordinário e inigualável parque Terra Nostra, que certamente me elevou a fasquia no que a parques diz respeito.
  • Tínhamos também pensado em experimentar as águas da Poça Dona Beija, mas entre as dúvidas sobre se a visita seria viável pelo horário temperamental da pequenina, os bilhetes acabaram por esgotar.
  • Fomos também visitar a Mata Jardim do Canto e a capela de Nossa Senhora das Vitórias, junto à Lagoa das Furnas.

Ao segundo dia,

  • O céu ficou mais cinzento e a típica chuvinha miudinha apareceu a espaços. Entrementes, visitámos a famosa fábrica de chá da Gorreana, mas tivemos de interromper a caminhada pela plantação.
  • Seguindo para Nordeste, fizemos uma primeira paragem no parque natural da Ribeira dos Caldeirões.
  • Fomos depois apreciar as fantásticas vistas daqueles que nos pareceram os miradouros mais icónicos de São Miguel, a Ponta do Sossego e a Ponta da Madrugada.
  • Prosseguindo a viagem, tive a oportunidade me largar trilho adentro em busca da bela cascata do Salto do Prego no Faial da Terra. Pela amostra fiquei com a curiosidade nos píncaros para descobrir tudo o resto. É possível que se estivesse sozinho na ilha me perdesse do tempo pelos trilhos e recantos escondidos.
  • Depois, a chuva transformou o resto do dia num regresso a casa.

Ao terceiro dia voltou a chover.

  • Aproveitámos para visitar algumas zonas de menor altitude, onde os chuviscos intermitentes permitiam um passeio quase normal pelo litoral. Visitámos as Portas da Cidade e as ruas adjacentes de Ponta Delgada, antes de rumarmos ao lado oposto da ilha.
  • Após um almoço reconfortante no merecidamente renomado restaurante da Associação Agrícola em Rabo de Peixe, subimos a encosta em busca da Caldeira Velha, da sua natureza primeva e das poças de águas quentes, mas a chuva acabou por reescrever os planos.
  • Arriscámos depois subir a encosta à descoberta da Lagoa do Congro e circundante floresta jurássica, onde aproveitámos uma aberta para mais uma excelente descoberta.

Com um quarto dia soalheiro,

  • Sobrecarregado pelo que foi sendo adiado, rumámos inicialmente ao miradouro Pico do Carvão, seguindo depois para a Lagoa do Canário, onde apanhámos um engarrafamento turístico que nos fez adiar a descoberta.
  • Parámos no miradouro Vista de Rei, para aquela que é possivelmente a panorâmica mais fotogénica de São Miguel, enquadrada com a Lagoa das Sete Cidades.
  • Empurrados pelo fluxo turístico, descemos e fomos parando nas lagoas de Santiago, Azul e Verde, seguindo depois para um excelente repasto n’O Poejo.
  • Adiando A Porta do Diabo, de regresso às colinas circundantes fomos por fim visitar a Lagoa do Canário e prosseguimos depois com grande expetativa para os espetaculares trilho e miradouro da Boca do Inferno.
  • Com ainda alguns pontos por assinalar, rumámos ao centro da ilha para apreciar as fascinantes vistas para a Lagoa do Fogo.
  • Ainda consideramos regressar à Caldeira Velha, mas a promessa de um parque infantil no parque do Pinhal da Paz acabou por alterar os planos. E assim terminavam as nossas descobertas em São Miguel.

São Miguel, ilha de bruma

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