Recantos da História – Mosteiro de Grijó

Os mosteiros sempre exerceram sobre mim um estranho encanto. Quer fosse por ter crescido em fascínio perto de um, por imaginar a vida estendida pelo ascetismo e bucolismo para lá do que poderia compreender ou simplesmente pelas histórias de passagens secretas para tesouros de metáforas inimagináveis.

A curiosidade sobre o Mosteiro de Grijó revelou-se sobretudo pela proximidade atual e no âmbito de uma visita recente à Serra do Pilar. Porém, bastaram poucas pesquisas e imagens para antecipar a viagem. Chegados à vila, ainda mal tínhamos contornado em espanto o tamanho da quinta murada quando entrámos no pórtico exterior e assentamos o olhar na imponente fachada, ladeado por algumas placas que lembram a passagem e inspiração de Júlio Dinis.

Como era hora do almoço, e não era possível visitar no imediato o mosteiro, fomos dar uma caminhada pela história. O corredor de árvores seculares oferecia uma boa sombra e lembrava a passagem lenta do tempo. Saindo do perímetro, seguimos na direção do Padrão Velho, do qual haveríamos de ouvir falar mais tarde, e continuámos na direção do Aqueduto da Amoreira, que já terá esquecido a sua função original e por agora vai servindo de divisória de trânsito. Ainda assim, mantém o seu encanto.

De regresso ao mosteiro, fomos tocar à campainha do edifício. Surgiu então o sr. Adelino, de simpatia em riste e com a história do local na ponta da língua. Inocentemente, ainda perguntámos se a visita era paga. Mal sabíamos que estávamos prestes a divagar pelo tempo na mestria de quem parece gostar do que faz acima de qualquer preço, verdadeiramente como se fosse um propósito de vida, numa das mais interessantes visitas do género que já fizemos.

Encantados, fomos andando de pormenor em pormenor, desde a história minuciosa do edifício, ao claustro e às suas figuras, passando pelo magnífico túmulo de d. Rodrigo Sanches, o segundo mais antigo de Portugal, e naturalmente pela fabulosa igreja. No final, ficou a certeza que tanto pela história como pela arte de a contar, o Mosteiro de Grijó é de visita obrigatória! Fica a vénia secular pela partilha!

Recantos da História – Mosteiro de Grijó

Comentários