A subida à Peña Trevinca (GC2BVC5), o ponto mais alto da Galiza, surgiu um pouco por casualidade durante as nossas férias com passagem pelo Parque Natural de Sanabria. Apenas quando já estávamos no parque me apercebi que “aquela” Trevinca era a mesma da qual já lera e agora estava “ali” tão perto. Não querendo desaproveitar a oportunidade, na tarde do dia anterior formulámos a abordagem que passava por uma mistura de caminhada e trail, separados por interesses distintos. A Valente ficaria com uma caminhada fotográfica, enquanto eu avançaria por uma correria mais desenfreada pela montanha.
Manhã cedo, subidos a encosta desde o Lago. O dia parecia excelente para um pouco de trail e boas fotografias. Estacionamos no final do alcatrão e seguimos pela aventura. Após a descida fácil para a Laguna de los Peces, o trilho começa a subir levemente e chega-se à Laguna de las Yeguas, que achei muito bonita, encimada pelo abrigo de montanha. É curiosa a placa informativa a indicar que estamos em propriedade privada, adquirida há mais de 100 anos atrás. Será uma espécie de aviso orgulhoso.
Continuando a subida, cerca de 2 km depois avistei pela primeira vez a Peña Trevinca. Ao longe, parecia um triângulo de dificuldades. Confesso que a distância e a perspectiva da subida abalaram um pouco a minha confiança. Porém, recuperei a esperança e do esforço durante a descida para o vale do rio Tera. Passei pelo abrigo em modo acelerado e atravessei o vale até à base do pico de relance, sempre de olhos postos no gigante que jazia à minha frente.
Apesar de ainda ter corrido durante o início da ascensão, rapidamente percebi que o melhor seria resguardar as forças. Vencendo a altimetria com resiliência e breves paragens para fotografias, alcancei a Peña Trevinca após 13 km e em cerca de 2h15. As vistas e a sensação de superação foram fantásticas!
Depois de mais algumas fotos e do habitual momento Space Oddity quando chego a um pico, refiz o caminho em modo trail, mas já mais cansado. A subida para as lagoas superiores ainda causou algum impacto, mas na descida posterior recuperei o andamento. Mesmo considerando pequenos desvios, consegui terminar os cerca de 26 km em pouco mais de 4h30.
No final, descemos a encosta pela estrada e regressámos ao Lago de Sanabria para um almoço reconfortante, seguido de uma merecida siesta para recuperar do desgaste. Durante a tarde fiquei a matutar num percurso alternativo para um possível regresso à região, a iniciar também na Laguna de los Peces, mas com descida pelo vale do rio Tera até Ribadelago, com eventual pernoita num abrigo dependendo da abordagem em trail ou trekking. E assim servi mais uma montanha desejada. E “mais servira, se não fora, para tão longo amor, tão curta vida.”