Decorreu no passado dia 5 de novembro mais uma geocaminhada por terras de Oliveira de Frades, entre o Souto e o Vouga. Integrada no programa da 3ª feira da castanha, e numa parceria entre as edilidades locais, o objetivo passava por percorrer a Rota da Castanha. Trata-se de um percurso de dificuldade média-baixa, com cerca de 8 km, que deambula por ruelas da aldeia de Souto de Lafões, caminhos florestais e agrícolas e ainda pelo trilho de interpretação ambiental do Cunhedo, junto do rio Vouga.
O encontro ficou marcado junto à antiga igreja de Souto, património vivo de um passado senhorial. O Filipe tratou de nos receber de braços abertos e lançou as dicas para a caminhada. Fizemo-nos ao trilho com a promessa de bom tempo, o que veio a acontecer.
A parte inicial do percurso desenrolou-se pelos caminhos agrícolas da aldeia. Cirandando pelas encostas, fomos redescobrindo uma agricultura que vai sendo esquecida aos poucos. Os regatos corriam céleres para o rio Vouga, num prenúncio do nosso percurso. Diz-se que nas Beiras tudo nasce na Serra da Estrela. Pois bem, pelas terras de Lafões, tudo vai desaguar ao Vouga. Podem-se construir barragens e adiar o inevitável, mas o rio acabará por levar as memórias e o tempo para a infinidade do mar salgado.
Ainda pela aldeia torna-se evidente o porquê de esta ser a rota das castanhas. Na verdade, bastaria atentar no nome da aldeia e já saberíamos ao que íamos. Por esta altura do ano, à medida que se progride, é inevitável passar as mãos pelos ouriços e arrebanhar as castanhas para entreter a larica.
O trilho inclina depois em direção ao rio. Os caminhos tornam-se mais íngremes e surgem as primeiras imagens do Vouga. De soslaio, os eucaliptos vão-se adensando no panorama. Porém, ao chegar-se ao rio tudo se transforma numa variedade florestal que engrandece a paisagem. A rota do Cunhedo deambula pela margem esquerda do rio e endireita equilíbrio bucólico das encostas.
Ao chegarmos à ponte fomos agraciados com a simpatia e dedicação da organização, que disponibilizou um lanche matinal. Com os estômagos reconfortados, o regresso ao Souto acabou por ser mais fácil. Apenas é de lamentar o ribeiro poluído que desce da vila e desagua no Vouga. Seguindo pelos trilhos e caminhos florestais, entrámos na aldeia e fomos diretos para o almoço na antiga Escola Primária. Depois do repasto, passámos os olhos pela preparação da festa da castanha e seguimos para o museu municipal.
Descansando à sombra de uma boa conversa, íamos desfilando memórias de outras aventuras. À esquina das quatro da tarde entrámos no museu para assistir à edição deste ano do GIFF (Geocaching International Film Festival). Tínhamos à nossa espera um pacote personalizado de pipocas. Estes eventos em Oliveira de Frades vão-nos habituando ao melhor. Os 16 filmes finalistas foram-se sucedendo sem interrupções. Num primeiro momento pareceu-me um pouco estranho estar a ver geocaching numa sala de cinema. Desde que alguém escondeu um simples recipiente numa floresta americana para testar a “disponibilidade seletiva” do sistema GPS, o passatempo evoluiu bastante. E ainda bem!
Alguns dos filmes eram muito originais e lembram-nos algumas idiossincrasias e outras tantas figurinhas que fazemos no geocaching. Depois do festival de cinema tivemos mais uma boa surpresa, um magusto convívio de castanhas, jeropiga e boa disposição. No final, ficaram as certezas de um ótimo dia de natureza e confraternização. Filipe, muito obrigado pela dedicação gratuita e pela partilha destes momentos. É sempre um prazer regressar a Oliveira de Frades!