Trail dos 4 Caminhos

 

Longos dias têm sem meses de trail. Após a magnífica participação no Trilho dos Abutres no início do ano, deixei-me levar um pouco pela preguiça e estive sem participar numa prova desde então. Os meus planos apenas definem uma ou duas provas por ano, mas confesso que no resto do tempo sinto falta daquela sensação de necessidade de preparação física para um desafio difícil. Um pouco de forma inconsciente, tal vai-me ajudando a manter a forma física e a acalentar o espírito para os desafios a haver. Para esta prova, Trail dos 4 Caminhos, em Alfena, sabia que, com mais ou menos preparação, haveria de conseguir terminar. Isso acabou por me fazer relaxar ainda mais. Pouco mais de um mês antes da prova recomecei a correr semanalmente, incrementando sempre alguma distância ao treino anterior. Para além da prova tencionava também preparar-me para o sonho de atravessar as Montanhas Nebulosas em modo trail, mas isso já são contas de outro fadário.

Chegado ao dia, comecei a correr ainda antes da prova. Após alguns sobressaltos e imprevistos, apenas cheguei à linha de partida a três minutos da mesma. Tempo ainda para cumprimentar o Nélson e o Eduardo, que também participariam neste trail. Estava confiante que os 23 quilómetros não haveriam de provocar muitos estragos, mas desconhecia ao que ia. Após uma curta distância no alcatrão, entrámos no sobe e desce da serra. Os trilhos e caminhos arrastam-se pelas encostas num carrossel contínuo. Na primeira subida mais acentuada percebi que não iriam ser favas e xistos contados. Olhei então pela primeira vez para o mapa e senti uma gota de suor na espinha. Bem, na realidade as gotas de suor já eram muitas.

 

O primeiro abastecimento surgiu como uma benesse. Aproveitei para meter a cabeça debaixo da torneira e precavi-me de água para o resto do percurso. As subidas tornaram-se ainda mais inclinadas e as pernas foram pesando, também porque, insensatamente, o treino não tinha sido direcionado para este tipo de terreno. A parte do ribeiro acabou por revelar-se bastante interessante, pela paisagem envolvente, tecnicidade da progressão e também pela sombra agradável. Logo depois, para traumatizar o corpo, mais uma subida de pesar pernas e ansiar por uma corda.

Curiosamente, logo depois do segundo abastecimento, fosse por perceber que as maiores dificuldades estavam vencidas ou porque o corpo se tinha habituado à rotina, comecei a sentir-me bem e galguei terreno, contente da vida, mesmo nas subidas. Mais à frente, encontrei o Sandro e o Josué num engarrafamento, mas acabei por resistir à cerveja, para meu arrependimento posterior. Entrei depois nas descidas técnicas com um andamento mais abusado. Esse impacto, aleado ao esforço anterior, acabou por se fazer sentir nos últimos quilómetros, que já terminei em esforço, perdendo-me do Nélson. Clicar na imagem seguinte para ver pormenores do trail.

 

Ainda que esteja no trail sem instinto de competição, gosto de competir contra mim e pelo desafio. Tinha definido as três horas de prova e acabei por me atrasar por poucos minutos. Quanto à classificação, em que o objetivo é sempre terminar abaixo do meio, acabei por conseguir. Resta agradecer ao Cidálio, ao Zé e à restante organização e colaboradores pela excelente prova. Parabéns pelo esforço!

Tempo e divagação ainda para desmascarar um adágio popular. Quem disse que quem corre por gosto não cansa, certamente nunca fez trail!

Trail dos 4 Caminhos

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