sunrise@CântaroMagro_15

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Quando, em 2012 e antes de iniciar aventura literária “O tempo inquieto”, surgiu a ideia de pernoitar no Cântaro Magro, apenas tinha como certo que um ano depois haveria de lá voltar a passar a noite para concluir o meu projeto. Desconhecia então que esta experiência haveria de se tornar numa necessidade, que muito prazer me dá em cumprir! Este ano, no fim de semana de 27/28 de junho, pela primeira vez, optou-se por criar um evento de geocaching. Em conjunto com o Sérgio Reis (Sphinx), idealizou-se o percurso para sábado. Já há algum tempo que queria fazer uma volta completa pelos três cântaros e a decisão tornou-se natural. Felizmente, o Sérgio teve disponibilidade para ir percorrer a Via dos Mercadores de antemão, o que permitiu concluir que não seria seguro passar por lá com um grupo grande. Infelizmente, a sua disponibilidade para o fim de semana alterou-se, pelo que não tivemos o prazer da sua companhia.

Lagoa dos Cântaros

O sábado amanheceu com algumas peripécias. Enquanto seguia a caminho da Serra da Estrela fui ultrapassado por uma das rodas traseiras do próprio carro. Apesar do susto, e depois de ter excomungado a garagem onde troquei os pneus na semana passada, lá consegui resolver a situação e retomei a viagem. Com alguns ajustes, conseguimos cumprir o plano. Quando cheguei ao estacionamento do Cântaro Magro já lá estavam o José Sampaio (ZéSampa) e o João Gregório (J.Greg), preparadíssimos para a aventura! A Via dos Mercadores é realmente um percurso difícil, sobretudo devido ao desnível, vegetação densa e buracos inesperados. Quando chegámos ao Covão d’Ametade encontrámos o pessoal de Coimbra e da Figueira da Foz. Aproveitámos então para almoçar, recordar estórias e reforçar o espírito com alguns licores. Com a chegada do Vitor Ribeiro (Pirat@), iniciámos a subida para o Cântaro Gordo. Trata-se de um percurso fantástico e o grupo revelou-se resiliente. Depois das fotos, descemos para o Covão Cimeiro, onde o grupo se haveria de dividir. Enquanto uns desceram para o Covão d’Ametade, outros subiram para o Cântaro Magro. Talvez não seja tão exigente como a subida do Gordo, mas também impõe respeito.

Cântaro Magro

Antes da chegada dos restantes participantes que iriam passar a noite no Cântaro Magro, ainda deu tempo para dar um salto ao Cântaro Raso e jantar. Seguiu-se a subida ao Magro. Porém, tal não foi fácil, visto que íamos bastante carregados (garrafas de vinho, máquinas de café, 2 kg de cerejas, etc). Mas conseguimos! Assentámos o arraial e aproveitámos para petiscar mais alguns aperitivos. A noite caiu entretanto e o João Carmo (Jocarmo) aproveitou para nos oferecer uma lição de Astronomia, que foi muito interessante e útil. O local não é muito cómodo para dormir, porém acho que fiz um bom aproveitamento das poucas horas de sono. Pela madrugada, é fantástico abrir os olhos ao sonho e ver um céu cheio de estrelas. Acordei depois perto das 4h30 e desci ao Estacionamento para ir buscar o resto do pessoal, que foi muito pontual. Numa ascensão cuidadosa, regressámos ao topo do Cântaro Magro para assistirmos ao Nascer do Sol. E foi mais um momento memorável! Parece que algo renasce em nós.

Nascer do Sol

Depois da experiência fantástica, descemos para o pequeno-almoço no Estacionamento. O grupo acabou por se dividir, sendo que na companhia do José, do Vitor e do Joaquim Safara (jasafara), fui fazer a minha quarta ascensão “Into the Wild” da Serra da Estrela, com início da Senhora do Desterro. A parte inicial, que acompanha as levadas, fez-se muito bem. Entre a sombra das árvores todos os passos são fáceis. Pelo caminho, aproveitámos ainda para fazer algumas paragens e outras tantas caches. Chegámos depois à base da Crista do Carvalhalzinho. Foi então que, depois de um banho na ribeira, as coisas se tornaram sérias. O mato, de ano para ano, vai ficando maior e não é fácil chegar ao topo da Crista. Sabíamos contudo que tínhamos sandes e cervejas frescas à nossa espera na Lagoa Comprida e lá vencemos as dificuldades. Curiosamente, o dono do café, logo que nos viu, identificou-nos o perfil (ar desolado, telemóveis e GPSr em cima da mesa). Contou-nos estórias do pessoal que ali chega nas mesmas condições e já conhece os pormenores da cache. Quando os vê chegar, manda logo preparar as “fresquinhas”. Ficou desconfiado quando soube que começámos na Senhora do Desterro, mas depois entendeu. Desta vez ainda ficou mais espantado, quando lhe revelámos que eu era um dos autores da ideia, já que não entendia a razão de, mesmo sabendo a localização da cache, insistirmos em fazer a subida.

Lagoa Comprida

Depois desta paragem, o percurso acompanhou à distância a margem da Lagoa Comprida e lá fomos fazendo mais algumas paragens pelo caminho. Sempre num andamento rápido, fomos visitar o Fragão do Poio dos Cães e subimos para o segundo banho do dia, na Chanca. Descemos à Lagoa do Covão das Quelhas e vencemos a distância final até à Torre. É sempre um prazer calcorrear a Estrela e terminar este desafio. Durante a caminhada, com o sol a confundir-me a clarividência, tentei convencer-me que seria a última, mas sei que não vou conseguir cumprir.

Curiosamente, confesso que temia terminar o fim de semana mais cansado. Mas a Serra da Estrela sabe retribuir e a paisagem minimiza os martírios do corpo. Muito obrigado a todos os que ajudaram e estiveram presentes nesta experiência fantástica! Uma palavra ainda para os que queriam ter vindo, mas não tiveram disponibilidade. Para o ano há mais!

Cântaro Gordo


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