O iniciante pegou-lhe e os dois saíram da sala, voltando para o corredor e prosseguindo para ocidente, indo bater à porta central. A sala era ornamentada por quatro castiçais colocados em cada um dos vértices de um quadrado central composto por mosaicos pretos e brancos. À entrada da porta estavam dois vigilantes e ao seu lado encontrava-se uma pia de água incrustada na parede. De cada lado estavam sentadas quatro pessoas. Um pouco mais acima, e por detrás de um altar de madeira, estava sentado o Venerável Mestre, que presidiria à sessão. Em cima do altar estavam dispostos três livros: a Bíblia, a Tora e o Alcorão. O teto era decorado com uma pintura de fundo azul, revestido de estrelas e com os diversos planetas alinhados.
– Venerável Mestre, à porta do templo batem profanamente – disse um dos vigilantes.
– Veja quem bate desse modo – respondeu o Venerável Mestre.
– Quem bate?
– Sou um irmão que conduz um profano que pretende entrar nos nossos augustos mistérios – respondeu o guia.
– Que entre!
Um dos vigilantes abriu a porta e pediu ao proponente para colocar os objetos que carregava numa almofada vermelha. O iniciante foi depois conduzido à pia. O guia pegou-lhe nas mãos e colocou-as lá dentro, causando-lhe um arrepio.
– Lave as mãos e limpe a alma profana – incentivou o guia.
O iniciante esfregou as mãos por alguns momentos e estendeu-as de seguida sobre a pia. O guia pegou numa toalha e limpou-lhe as mãos. Voltaram-se e seguiram até ao centro da sala, parando em frente ao altar. O guia pegou numa pequena adaga, cravando nela um papel que o outro vigilante lhe entregara. Deixou-a depois com gestos de veemência sobre o altar.
– É de sua livre vontade estar aqui e, perante esta audiência, propor a sua iniciação ao grau de aprendiz nesta mui nobre Loja? – perguntou o Venerável Mestre.
O iniciante respondeu de um modo assertivo, tentando perceber quais seriam os seus próximos passos. O Venerável Mestre passou depois a ler o papel que lhe fora entregue, descrevendo as intenções do ímpio em entrar para a sociedade.
– É esta a sua vontade? – questionou no final.
O iniciante anuiu. O guia aproximou-se do Venerável Mestre e recolheu a folha das intenções e a adaga. Dirigiu-se ao iniciante e mandou-o abrir a mão, esticando o dedo polegar direito. Passou-lhe de seguida a lâmina pelo dedo e fez-lhe um ligeiro corte que o assustou.