Os ministros estavam reunidos em torno de João Franco, discutindo os incidentes da passada terça-feira. Carlos escutava as indicações do general Malaquias, comandante da Guarda Municipal, sobre as posições que os seus homens deveriam assumir. A principal preocupação era a segurança do chefe do governo. Ao saber da possível deportação dos chefes revolucionários, Carlos ainda esboçou uma preocupação subalterna, mas o general assegurou que tudo estava controlado.
Pelas dezassete horas, vindo do Barreiro, avistou-se o vapor D. Luís. As pessoas juntaram-se de seguida no cais para darem as boas-vindas ao monarca. Mais atrás, dezenas de populares também esperavam, convocados pelo mediatismo da chegada. À frente de todos estava o infante D. Manuel, que viera mais cedo de Vila Viçosa para tratar de assuntos escolares. À chegada do vapor, depois de a ponte ser lançada, emergiu a figura de D. Carlos, envergando a sua tarja de generalíssimo. Seguiu-se a altiva D. Amélia, que trazia um longo vestido negro repleto de folhos. Os dois irmãos, D. Manuel e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe, abraçaram-se de imediato.
Depois de justificarem o atraso com um descarrilamento que o comboio teve perto da Casa Branca, a família real seguiu em direção às carruagens. Um general ainda questionou el-rei se preferiria viajar num Peugeot, em vez da habitual carruagem descoberta. D. Carlos, numa tentativa de demonstrar confiança, quis ter visibilidade entre os seus súbitos e declinou a proposta. A família real tomou o seu lugar na carruagem. Atrás, noutras carruagens, seguiram os condes de Figueiró e o marquês de Alvito. João Franco vinha a seguir, instalado num coupé. Carlos ordenou aos seus homens que ladeassem o veículo do Primeiro-Ministro, enquanto os homens da Guarda Municipal foram espalhados pelo Terreiro do Paço. O sargento olhava exaustivamente em redor, mas não encontrava qualquer ameaça.
Quando a carruagem real chegou a meio da praça, Carlos descortinou Alfredo Costa entre os transeuntes e dirigiu-se para ele. Ao vê-lo, Alfredo sorriu e correu para a carruagem onde seguia el-rei, colocando-se no estribo. Desferiu então dois tiros com o seu revólver Browning nas costas de D. Carlos. O príncipe herdeiro D. Luís levantou-se e puxou do seu revólver, mas foi imediatamente atingido a tiro de carabina por um homem de barbas com um longo varino que saíra das arcadas. Carlos correu para ele, desembainhou o seu sabre e deu-lhe uma estocada. O homem caiu para chão e libertou a sua Winchester. Era Manuel Buíça. Na carruagem, D. Amélia tentava esbofetear Alfredo com um ramo de flores, que recebera momentos antes da sua afilhada. Os tiros sucederam-se e a polícia conseguiu por fim deter Alfredo. Um outro homem jazia também no chão, com uma carta na mão.