Fisgas de Ermelo

As Fisgas de Ermelo exercem um fascínio de dimensão semelhante às forças geológicas que as criaram. Já anteriormente tínhamos passado de soslaio pelo miradouro, mas apenas no memorável Geoacampamento de 2011 ficamos a conhecer alguns dos recantos mais interessantes e de difícil acesso, como as maiores cascatas, a zona inferior do rio junto ao penhasco e a vista sobre a estreita frecha. Mais tarde, em 2015, as Fisgas foram local de passagem obrigatória aquando da aventura Sobrevivência, na travessia entre o monte Farinha, no Alvão, e as Antenas do Marão, com direito a uma ceia abençoada. A inauguração do PR 3 – Fisgas de Ermelo tornou evidente a necessidade de regressarmos, mas a visita foi sendo protelada até ao limite da espera.

Atravessámos o Marão num dia a prometer calor e descemos pela panorâmica N304 até à bucólica aldeia de Ermelo. Depois de uma breve paragem para café iniciámos a caminhada. Logo no início ficámos a conhecer um simpático habitante que tem vindo a colocar a história da aldeia em lousas de xisto. Passando por um caminho de sombras generosas, chegámos à ribeira de Fervença. A paragem deve servir para apreciar e refrescar, já que logo de seguida inicia-se a longa subida da encosta até à zona das Piocas de Cima, por onde o rio Olo de delonga em aprazíveis lagoas antes de se precipitar nas Fisgas.

A subida permite ter várias perspetivas do grande vale, num quadro que se vai completando à custa da altimetria vencida. A passagem pelo miradouro Cabeça Grande permitiu-nos uma visão magnífica para a zona das grandes cascatas, que ficamos a conhecer logo de seguida com uma descida da encosta escarpada. O reencontro com esta zona lembra-nos a nossa pequenez e insignificância, face à dimensão e intemporalidade da natureza, mas estar naquele lugar isolado é também um privilégio.

Passámos pelas Piocas de Cima e fomos a banhos numa lagoa a montante. Aproveitámos também recuperar forças num almoço bucólico. No regresso da volta por Varguizeto, e face ao calor que se fazia sentir, não resistimos e fomos novamente a banhos nas Piocas, que estavam bastante concorridas. Refrescados, prosseguimos caminho e a meio da descida para o miradouro atalhámos por um trilho que passa junto às enormes escarpas e de onde se tem uma vista vertiginosa para o fundo do vale. Após mais uma paragem no concorrido miradouro e depois de espreitarmos o abismo, seguimos em direção à capela do Fojo, onde não resistimos ao canto de sereia de uma roulotte de bebidas fresquinhas.

Continuando a descida da encosta, passamos no miradouro para as Piocas de Baixo, mas acabámos por não ir às lagoas. Seguiu-se uma etapa do caminho muito interessante, à sombra de carvalhos seculares, que culminou com o reencontro com o rio Olo e mais um banho relaxante. Depois, Ermelo estava à distância de uma subida inclinada e de passo curto. No final aproveitámos para um merecido descanso no café com vistas generosas sobre o vale. Para trás tinham ficado cerca de 13km com uns respeitáveis 700 metros de subida acumulada pelas Fisgas de Ermelo, um magnífico anfiteatro natural de fascínio e assombro.

Fisgas de Ermelo

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