Por entre os pingos livres das restrições, voltámos às caminhadas para desmoer as calorias festivas e limpar as vistas da consciência. O percurso escolhido acabou por ser o trilho que acompanha o rio Cavalos, no concelho de Tábua. A visita recente de amigos acabou por dar a conhecer a sua existência e espevitou bastante a nossa curiosidade, mormente pelas partes de passadiço colorido, num cenário natural que parecia muito interessante.
Rumámos à pequena aldeia de Vale de Gaios numa manhã soalheira. Depois do estacionamento, rapidamente chegámos ao rio, onde encontrámos alguns habitantes a trabalhar em melhoramentos da praia fluvial e parque de lazer. Prosseguimos para montante do rio Cavalos e de imediato encontrámos os passadiços artesanais coloridos, que formam pontes sucessivas bastante pitorescas e que tornam o percurso acessível. As cores do arco-íris misturam-se harmoniosamente entre o verde bucólico natural e seguem por entre o rio e as antigas leiras. Ao contrário de outros empreendimentos do género, os passadiços do rio Cavalos estão restritos ao fundamental para ultrapassar os obstáculos.
Quase sem dar conta, de fotografia em fotografia, calcorreando as folhas outonais e ao som ritmado das águas, chegámos ao lugar dos antigos moinhos e de outras habitações. O sítio parece estar a ser recuperado pela comunidade que lá vive e deverá ser um ótimo refúgio para uma vida calma. Após alguma exploração, subimos pelo trilho da encosta da margem esquerda. A paisagem tornou-se então despida, desinteressante e melancólica, desfeita por um incêndio e refeita pela praga dos eucaliptos.
A reaproximação ao rio trouxe mais um motivo de interesse, na ponte romana de Midões, onde aproveitámos para almoçar. A ponte venceu com distinção a provação do tempo e continua a servir o seu propósito. Prosseguimos depois mais um pouco para montante até à ponte seguinte e resolvemos regressar, seguindo o caminho para Midões e descendo para o lugar dos moinhos. Reencontrámos os passadiços coloridos e acompanhámos as águas cristalinas até Vale de Gaios. O detalhe do percurso, com cerca de 8 km, pode ser visto/descarregado aqui.
Na viagem de regresso, e num pequeno desvio, reencontrámos o rio Cavalos em Sevilha, em mais uma descoberta muito interessante, junto à lagoa/cascata da aldeia. Aproveitando a proximidade, subimos à serra do Bussaco e percorremos o trilho fantástico por alguns miradouros e até às Portas de Coimbra. Regressamos depois à Cruz Alta para um pôr-do-sol inspirador e na passagem por Águeda fomos cumprimentar o Pai Natal.
