Era inevitável, mais cedo ou mais tarde teria de participar numa prova de orientação. Aconteceu no II Meeting de Orientação Dão-Lafões! A curiosidade estava desperta, mas apenas agora a vontade se concretizou. Depois de anos a peregrinar o desconhecido através de um recetor GPS, chegou finalmente o dia em que andei pela Natureza a seguir uma bússola e um mapa.
O objetivo do desporto/passatempo é relativamente simples de perceber, mas tudo se pode tornar mais complexo no terreno. Partindo de um ponto inicial, temos de passar consecutivamente por várias de balizas. A passagem é validada através de um chip que levamos num dos dedos. Para nos movermos entre os pontos apenas contamos com uma bússola e um mapa cartografado, onde estão desenhados os vários elementos que existem no terreno (rochas, muros, árvores, edifícios, etc). Existe ainda informação referente à posição em que se encontra a baliza face aos elementos.
A prova decorreu nas encostas limítrofes do Santuário do Senhor dos Caminhos, Rãs, Sátão. A meio da manhã juntei-me ao Cidálio, ao Eduardo, ao Nélson e a muitos outros participantes. Estava um pouco indeciso sobre qual a categoria que me deveria inscrever, mas lá acabei por ir para o difícil-longo. Quando entro para uma modalidade tenho complicações em perceber qual é o nível de dificuldade adequado. Há alguns anos atrás, após comprar uma bike e ter feito algumas 15 voltas, inscrevi-me para o Luso Galaico (Extreme); se não fosse o Red Bull e a paciência do Miguel teria ficado pelo caminho. Quando descobri o trail running convenci-me que teria de fazer a ultra da Freita para a estreia. Porém, na orientação, a realidade acabou por ser diferente. Afinal, o percurso nem era assim tão grande e a dificuldade técnica acabou por ser abafada pela ajuda.
O jogo começa logo que o mapa nos chega às mãos. A primeira parte foi fácil; apenas tive que seguir por um caminho até ao ponto assinalado por um triângulo. Era a partir daí que as coisas se iriam complicar. Como combinado, esperei pelo Nélson para uma prova conjunta. Previamente não tinha olhado como deveria para um mapa de orientação, nem sabia como deveria utilizar a bússola com o mapa de forma eficiente. O problema reside no facto de ser necessário tomar decisões acertadas rapidamente. Como se tratava de uma prova num ambiente de progressão difícil, com silvas, tojos e precipícios, tomar a decisão certa para o acesso ao ponto seguinte fazia bastante diferença no desenrolar da prova. De qualquer forma, acho que se fosse fácil ou num ambiente citadino não me seria tão apelativo.
Com a ajuda do Nélson, facilmente aprendi a usar a bússola e o mapa de forma eficiente. Contudo, faltava-me conhecer os símbolos pelo simples vislumbre. Tinha de estar sempre a perguntar o que significava isto e aquilo. Na verdade, existem inúmeros símbolos para decorar. À medida que os riscos se iam gravando nas pernas e na memória, a progressão tornou-se mais fácil. Ainda assim, mesmo conhecendo os elementos e tendo uma boa capacidade de orientação, uma má decisão pode significar um atraso significativo. O tempo de prova não era o mais importante, mas ninguém gosta de ficar para trás.
Quando dei por mim estava envolvido pelo passatempo e ganhei autonomia para avançar sozinho se fosse necessário. Gostei bastante do frenesim de prosseguir pelos pontos de forma acelerada e acho que tenho alguma facilidade de progressão em terrenos difíceis. Na verdade, gosto bastante disso; parecia uma criança à procura do Pai Natal!
No final, tudo acabou demasiado rápido. Em linha reta, passando pelos sucessivos pontos, deveria ter percorrido 3.3 km. Na prática, acabei por andar quase o dobro. Para meu espanto, terminei em 3º (em 13 participantes), com um tempo de 1:20:14, logo depois do Nélson. Obviamente, tal não seria possível sem ajuda. Porém, fico satisfeito por saber que numa próxima oportunidade já serei capaz de me orientar sozinho!
Gostei bastante da minha primeira vez na Orientação! Ganhei mais um passatempo para juntar à lista!
