Nas margens da albufeira do Vouga

Regresso a Sejães para mais uma caminhada pelas margens da albufeira do Vouga. Sempre que vejo este manto de água adormecido tenho ideias distintas. Por um lado, fico a remoer memórias sobre os recantos que se perderam com a construção da barragem. Por outro, a vista parece gostar desta grandeza plana. Quando o sol ruma em direção a Aveiro, como se mostrasse o caminho à água, a paisagem transforma-se num enorme espelho dourado que nos aquece a alma.

Já havíamos estado neste evento para a primeira edição, pelo que já sabíamos ao que vínhamos. Apenas depois de estacionarmos é que notámos as obras que se desenrolam mais abaixo, junto ao rio. Mais tarde ficámos a saber irá ser construída uma piscina, como compensação da EDP pela perda da praia fluvial que acabou submersa. E ainda bem que é assim. Tempos houve em que as pessoas tiveram que abandonar as suas casas pela construção de uma barragem com uma compensação de quase nada.

Quando chegámos as tropas já estavam reunidas. Aproveitámos para rever amigos, pôr a conversa em dia e escutar as indicações sobre a caminhada a haver. Por coincidência, o evento coincidiu com um simulacro dos bombeiros, pelo que a vale estava cheio de segurança. Depois de um pequeno périplo pela aldeia, passámos a estrada e entrámos no bosque. Subindo a encosta, fomos passando pelos trilhos de uma ruralidade que vai ficando esquecida. Melhor, parece estar a fazer um caminho de regresso à Natureza. As casas e as pessoas foram envelhecendo, mas talvez a albufeira possa convencer alguns a regressarem ou outros a enraizarem.

Mais acima, a paragem no solar serviu como reforço alimentar e algum descanso. Continuando pelo trilho, fomos passando de conversa afiada pelos campos e bosques. Descemos depois em direção ao rio e, tal como no primeiro evento nesta zona, adiantámo-nos para a travessia do rio de barco. Porém, tendo em conta o simulacro, acabámos por seguir diretamente para o ponto de encontro, junto à associação local. A viagem de barco ainda teve algumas peripécias, com poucos a remarem para o mesmo lado! Todavia, lá chegámos e fomos diretos para o merecido almoço e mais bons momentos. À nossa volta ultimavam-se os preparativos para as festas da aldeia, a chegada da música e a abertura das barraquinhas.

É fácil gostar destes eventos em Oliveira de Frades e percebe-se a afluência. Não admira que alguns participantes venham de longe. Com a promessa de um regresso numa próxima oportunidade, despedimo-nos da albufeira do Vouga e subimos o vale até casa. Mesmo diminuído de terras, Lafões continua a ser um jardim. Obrigado por tudo!

 

 

Nas margens da albufeira do Vouga

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