La ruta de los túneles

Capa

No dia em que passam cinco anos desde a nossa primeira grande aventura no geocaching, recordamos o registo da descoberta de La ruta de los túneles. Para quem não conhece, trata-se de um percurso com cerca de 17 quilómetros ao longo da antiga linha ferroviária que fazia a ligação entre Barca d’Alva e La Fregeneda (Espanha). As pontes e os túneis sucedem-se em catadupa, num cenário agreste, vertiginoso e belo. Ao relatarmos a aventura descobrimos que os registos tinham um limite de tamanho, mas existem certas experiências em que nem todas as palavras são suficientes. Tornou-se, desde então, numa memória fantástica à espera de um regresso adiado. Fica o registo, escrito pela Ana Valente.

Túnel“Tudo começou com uma pesquisa no Google sobre as melhores caches em Portugal. Apesar de haver alguma controvérsia, esta aparecia várias vezes referenciada. Juntando a isto, havia já algum tempo que gostaríamos de fazer uma caminhada no Rio Douro e nas suas magníficas paisagens.

Na altura tivemos que adiar a aventura por alguns fins de semana, mas esta ficou debaixo de olho e antes das férias teria de ser feita, até porque a expectativa era elevada. Primeiro pensámos em acampar, mas como o parque de campismo ficava muito longe, resolvemos optar pela residencial. Contudo, o fim de semana escolhido não foi o melhor. Apesar do campeonato de motonáutica e de um casamento terem esgotado todas as residenciais e pensões na zona, conseguimos arranjar o último quarto no “Transmontano”, em Figueira de Castelo Rodrigo, para apenas uma noite. Caiu então por terra a possibilidade de fazermos também Linha do Douro.

No dia, acordámos com as galinhas e depois de um pequeno-almoço reforçado, seguimos a caminho de Barca d’Alva, torneando as vinhas e os campos geométricos de oliveiras. Lá chegados, confirmámos o que tínhamos acertado anteriormente com o sr. Andrés (ele iria buscar-nos à estação de La Fregeneda por volta das 16h00). Partimos então para a nossa aventura por volta das 9h00. Na estação abandonada de Barca d’Alva não pudemos tirar fotos, pois podíamos “perturbar” o sono de uma família que ali se tinha instalado. Mais à frente encontrámos as primeiras coordenadas e seguimos pela linha. Passámos a ponte internacional sobre o rio Águeda e a partir daí começaram os desafios: pontes altas e túneis cheios de surpresas.

Ponte

Depois de termos lido os registos anteriores e tendo em conta a observação do estado de conservação da madeira, resolvemos passar todas as pontes pelo estreito passadiço de metal. Uma coisa é ver as fotos e outra coisa é estar lá em cima; é preciso respirar fundo e reunir coragem. Depois desta ponte pensámos que todas as outras seriam iguais, mas houve uma lá para a frente que encerrava uma surpresa!

ÁrvoreÀ medida que as pontes e os túneis se sucediam em catadupa, a paisagem ia ficando mais agreste e bela. Depois de uma paragem intermédia para recebermos novas coordenadas, deparámo-nos com a majestosa ponte em curva, que para nós foi o maior dos desafios. Não nos apercebemos logo da implicação de escolhermos fazer a travessia pelo lado direito (exterior), e acabámos por ter dificuldades acrescidas: dois buracos vertiginosos no vazio e que tinham de ser ultrapassados. Uma coisa é saltar meio metro no chão e outra é fazê-lo a muitos metros de altura (nem é bom saber quantos). O Cruz saltou e ainda tentou inspirar confiança na Valente, dizendo: “Anda, é fácil”, mas ela não foi na cantiga e acabou por contornar o buraco pelas traves. Pensámos então que o pior estava ultrapassado, mas logo à frente apareceu mais um buraco! Após um novo salto no vazio do Cruz, e nova passagem alternativa pela Valente, chegámos ao outro lado e a sensação de conquista e superação encheu-nos a alma. Hoje, ao escrevermos estas linhas e tendo em conta alguns comentários de amigos, achamos que não estávamos lá muito bons da cabeça.

Seguimos as indicações dos owners e parámos na janela do túnel para almoçarmos na companhia das águias. De barriguinha cheia, prosseguimos a caminhada e lá fizemos o registo da cache, com troca de travelbugs. Aproveitámos ainda para tirar umas belas fotos, que ficarão na nossa memória por largos anos. Para sobremesa, calhou-nos atravessar um túnel comprido, escuro e cheio de morcegos. A sorte é que eles tinham edificado uma autoestrada de guano que facilitava a caminhada. Seguiu-se uma longa caminhada, sob um sol abrasador e a pouca água que restava já estava quente. Esta parte também não foi fácil, mas lá chegámos ao fresquinho e interminável último túnel. Parámos algumas vezes para comparar o tamanho da luz da entrada e da saída Rio Águedae ainda demorou algum para que a primeira se tornasse mais pequena que a segunda.

Chegados à estação de La Fregeneda, mal tivemos tempo para comparar o grau de abandono com a estação de Barca d’Alva, pois o sr. Andrés chegou logo a seguir, e meia hora antes do combinado, para nossa satisfação. Durante a viagem de regresso ficámos a saber que o radialista António Sala tinha feito este percurso na semana anterior com o filho.

Esta experiência ficará para ser contada aos nossos netos, daqui a muitos anos. Apenas entristece o grau de abandono da linha e das estações, mas pode ser que o futuro traga de volta o esplendor de outros tempos. Ficam as palavras e o muito obrigado aos owners por esta experiência fantástica!”

25-07-2010

Ponte em curva


 

La ruta de los túneles

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