GeoMag #fim?

Foi com muito interesse que, nos idos pré-natalícios de 2012, vi o aparecimento da GeoMagazine. Na altura, o geocaching estava em alta e tudo o que se passava no mundo da “caça ao tesouro do séc. XXI” era digno de atenção. Mesmo havendo várias plataformas dedicadas ao passatempo, desde os fóruns às redes sociais, a revista veio ocupar um vazio. Creio que o sucesso foi imediato. A oportunidade de espreitar de uma forma mais profunda para alguns temas, descobrir as histórias de quando o geocaching dava os primeiros passos, espiar nas entrelinhas de algumas caches marcantes e, acima de tudo, ficar a conhecer melhor um passatempo fascinante e as pessoas que o praticavam. Muitas vezes, apesar de as pessoas não se conhecerem, o simples facto de partilharem algo em comum cria uma empatia quase imediata.  

Cada edição era esperada com curiosidade. Quem seria a entrevista da capa? Que cache estaria em destaque? Qual o percurso que nos iria surpreender? As ideias e as histórias iam desfilando com as edições, sendo que o esforço e a qualidade eram notoriamente crescentes. Nos primeiros tempos recebi o convite para escrever sobre montanhas. Escrever sobre montanhas? Para além do regozijo em participar no projeto, ora aqui estavam duas coisas para as quais ninguém precisaria de me perguntar duas vezes. Sucederam-se quatro artigos, desde a Serra da Estrela aos Picos de Europa. Anos depois, creio que ainda continuam a ser boas referências.

À décima primeira edição fomos surpreendidos com o convite para a entrevista de capa, o que nos deixou orgulhosos. Algum tempo depois surgiu um outro convite para escrever regularmente um artigo de opinião. Num primeiro momento pensei que não teria assunto para muitas edições, mas rapidamente percebi que os temas, desde os mais humorísticos aos mais opinativos, iriam suceder-se de uma forma natural. Afinal, bastava ir em busca das opiniões e fundamentá-las. Dá trabalho, mas ajuda a definir e a compreender a própria forma como vivemos o geocaching. Quando dei conta já estava a tomar conta de mais um tópico por edição, à descoberta das caches e dos recantos mais interessantes que tinha encontrado. A necessidade de ter algo interessante para escrever, ou pelo menos tentar, acabava também por ser um incentivo para deixar o desconforto do sofá e ir à descoberta.

De todas as edições e de todos os artigos há um particularmente especial. Apesar do enorme pesar pelo desaparecimento do d3vil, das diferentes sensibilidades e das dúvidas sobre o sentido da nossa ação e de como poderia ser interpretada, avançámos para uma edição de homenagem que pretendia celebrar os momentos de partilha e os sorrisos de um grupo de amigos com uma pessoa especial e inspiradora. Ao olhar para trás, vendo o resultado e analisando a forma como a comunidade sentiu a homenagem e o legado que pretendemos deixar, sinto um orgulho enorme por ter participado na sua dinamização.

A GeoMagazine foi-se reinventando ao longo da sua existência. Passou por várias fases até que um conjunto de razões acabaram por ditar o seu fim. Não sei se será um fim com ponto final. Se todo o mundo é composto de mudança (e de fases), acredito que, mais cedo ou mais tarde, com ou sem algum acontecimento marcante à mistura, a revista regressará. Há sempre alguém generoso que persiste em reavivar as boas ideias. E a GeoMagazine foi das melhores ideias que já apareceram no geocaching nacional, tão natural como um lugar fantástico que está à espera de um passatempo tecnológico para se dar a conhecer.

Nestas situações, não gosto muito de personalizar as menções e/ou os agradecimentos. Há sempre alguém que pode ficar de fora e não quero ser injusto. Assim, agradeço a todos os que contribuíram para a revista ao longo das suas 27 edições. Eles sabem quem são. Obrigado pelo esforço, partilha, teimosia e ambição de quererem fazer do geocaching luso um lugar melhor!

GeoMag #fim?

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