Dicas básicas

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A fotografia é uma das artes mais populares e omnipresentes do nosso dia-a-dia. A cada momento, milhões de fotografias são tiradas e exibidas, quer seja através de uma DSLR (digital single-lens reflex), de uma máquina digital compacta ou através de um smartphone. Com os equipamentos automatizados ao ponto de bastar um «cheese!» para registar uma foto, valerá a pena saber mais sobre fotografia? Claro que sim! Sobretudo por duas razões:

  • Valorização e enriquecimento da experiência;
  • O modo automático apenas pode funcionar bem quando estão reunidas boas condições de luminosidade.

A dica mais imprescindível que se pode dar sobre fotografia é que o equipamento fotográfico não faz o fotógrafo. Pode complementá-lo, mas não o faz. Assim, particularmente quando se começa, tão importante como investir centenas de euros em material fotográfico é ganhar dezenas de horas em aprendizagem e conhecimento.

Mas, afinal, o que é uma fotografia?

Ao preservarmos um determinado momento estamos, basicamente, a fazer um desenho de luz. O efeito é semelhante ao que aconteceria se nos fechássemos numa sala escura e abríssemos um pequeno buraco numa das paredes. A luz iria entrar e projetaria uma imagem na parede oposta. As caraterísticas da imagem formada dependeriam sobretudo de três aspetos: a abertura do buraco, o intervalo de tempo de projeção e a “sensibilidade”/cor da parede. Usando uma máquina, estes aspetos definem a exposição da fotografia e compôem designado triângulo da exposição:

Nem todos os equipamentos permitem alterar estes parâmetros. De um modo geral, as máquinas compactas digitais e os smartphones oferecem menos possibilidade de escolha. Muitas apenas permitem compensar a exposição e alterar a sensibilidade ISO. Por outro lado, as DSLR já dão total autonomia ao fotógrafo. Porém, mesmo que a máquina não permita alterações, o conhecimento sobre como estes parâmetros influenciam as fotos permitirão um melhor domínio da arte.


Exposição

Em fotografia, a exposição indica a quantidade de luz que é recebida pelo sensor, a peça/chip que recebe a luz e que posteriormente a transforma em imagem digital. As fotos poderão ficar sub-expostas (pouca luz), equilibradas ou sobre-expostas (muita luz).

 Exposição 3

Por vezes, e dependendo das condições de luminosidade e do que se pretende relevar, determinadas zonas das fotos podem ser propositadamente sub-expostas.

A generalidade dos equipamentos permite fazer compensação da exposição. Esta mais-valia pode ter particular relevância numa situação de más condições de luminosidade ou quando existem regiões distintas de sombra e luz nos motivos que se pretendem fotografar.
Compensação

De seguida é abordada a forma como o chamado triângulo da exposição influencia as caraterísticas/qualidade de uma foto:

Abertura do diafragma

O diafragma funciona como uma “cortina” que se abre e fecha para deixar passar a luz (como se fosse o buraco na parede de uma sala escura). Quanto maior for a abertura mais luz irá entrar e mais exposta ficará a foto. A figura seguinte ilustra várias aberturas e a terminologia associada. À medida que a abertura diminui o número que aparece à direita do f aumenta.
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Em termos práticos, e para além da exposição da foto, a abertura do diafragma influencia a profundidade do campo, que é um aspeto fundamental em fotografia. A profundidade de campo define o que aparece focado na imagem. Ao aumentar a abertura estamos a diminuir a profundidade de campo e os elementos mais afastadas do foco tenderão a ficar mais desfocados. Por exemplo, quando se pretende criar um retrato pode usar-se uma menor profundidade de campo para dar mais enfoque no rosto. Por outro lado, e de um modo geral, ao diminuir a abertura estamos a aumentar profundidade de campo e os elementos mais afastados do foco tenderão a ficar mais focados. Este modo pode servir, por exemplo, para fotografar paisagens e se pretende que os diversos elementos de interesse apareçam tendencial e igualmente focados.

Abertura
f/8 – 1/320 – 100

Mesmo que o equipamento não permita alterar a abertura, é possível modificar a profundidade de campo alterando as distâncias (física e focal). À medida que se aproxima o equipamento de um motivo (fisicamente ou usando o zoom, os elementos mais afastados do foco tenderão a ficar mais desfocados.

 

Velocidade do obturador

A velocidade do obturador define o tempo de exposição da foto. Ou seja, estabelece o tempo em que a “cortina” está aberta e o sensor recebe luz. Tal como acontece na abertura, e também de forma proporcional, quanto mais tempo a “cortina” estiver aberta mais exposta ficará a imagem. Uma fotografia pode tirar-se numa fração de segundo, mas também poderá levar horas. A imagem seguinte ilustra várias velocidades e a terminologia associada.

Cascata
f/11 – 1/10 – 100
Fonte
f/5.6 – 1/1250 – 800

Para além de influenciar a exposição da foto, a velocidade do obturador define como os elementos em movimento aparecerão na imagem. Velocidades reduzidas provocam um arrastamento dos elementos (por exemplo, o efeito véu-da-noiva das cascatas). Para velocidades elevadas, o momento fica “congelado”.

Sensibilidade ISO

O ISO é uma medida que indica a sensibilidade do sensor à luz. Quanto maior for o valor do ISO mais exposta ficará a foto. O valor do ISO vai duplicando até atingir um determinado valor máximo, que dependerá do equipamento. Ao duplicar o valor do ISO a foto ficará com o dobro de exposição. Praticamente todos os equipamentos fotográficos permitem modificar este parâmetro.

É comum alterar-se o valor do ISO em situações de luminosidade mais deficitárias e em que não é interessante alterar os outros parâmetros (abertura ou velocidade). Por exemplo, ao visitar um museu ou outros espaços, em que não é permitido usar flash.

Porém, o aumento da sensibilidade do sensor vai provocar o aparecimento do chamado “ruído eletrónico”, e as imagens começarão a perder qualidade. De um modo geral, para boas condições de luminosidade, o valor do ISO deve ser o mais baixo possível. O efeito do ruído pode ser particularmente prejudicial em equipamentos com menos qualidade. Para máquinas Full Frame, o aumento do ISO permitirá outras mais-valias interessantes.


http://www.exposureguide.com/images/iso-sensitivity/image-quality-and-iso-sensitivity.jpg


A imagem seguinte resume a informação sobre como os parâmetros do triângulo da exposição influenciam uma foto.

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Apesar de existirem outros aspetos relevantes, o domínio do triângulo da exposição (abertura, profundidade e ISO) é um primeiro passo muito importante para fotografar em modo Manual. 


Modos do equipamento

Para além do automático e do manual, a generalidade das máquinas oferece um conjunto de modos que facilitam a experiência fotográfica. É comum os utilizadores das DSLR fotografarem também nos modos de prioridade (abertura ou velocidade). Por exemplo, se escolhermos fotografar com prioridade à abertura (para alterar a profundidade de campo) teremos a possibilidade de definir o valor da abertura pretendida e a máquina definirá automaticamente os outros parâmetros. Desta forma, consegue-se atingir o efeito desejado e a máquina faz o resto. Os símbolos dos modos são diferentes entre as marcas.
Modos

Existe ainda um conjunto de modos cujos parâmetros estão predefinimos e cujo objetivo é adaptar o equipamento para fotografar em determinados contextos. Por exemplo: paisagem, desporto, noite, rosto, etc. Basicamente, nestes modos, o equipamento altera os parâmetros do triângulo da exposição para se adaptar a cada contexto. Tal como noutras áreas do saber, a melhor forma de consolidar os conhecimentos adquiridos é praticar. Deixar o modo automático e fazer experiências como os outros modos. Experimentar, experimentar, experimentar!


Para além do triângulo da exposição existem obviamente outros aspetos que são importantes em fotografia. Muitos acabam por possuir um caráter subjetivo e variam com a interpretação individual. No fundo, é também isso que faz da fotografia uma arte. Alguns desses aspetos irão ser abordados posteriormente.

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